No Brasil, apesar do número de mortos em rodovias e áreas urbanas ter apresentado declínio nos últimos anos, as medidas para a segurança no trânsito ainda são insuficientes e vêm apresentando retrocessos. Na manhã de ontem (25) mais de 40 pessoas morreram vítimas da colisão entre um ônibus e um caminhão, no interior de São Paulo. O ônibus transportava funcionários de uma empresa têxtil e colidiu com um caminhão na rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho. Foram mais de 40 vidas perdidas.
O caso não é isolado: o Brasil ocupa a quarta posição entre os países onde há mais mortes no trânsito. Automóveis e motocicletas são os veículos mais envolvidos, sendo que os ônibus têm a maior proporção de óbitos entre as vítimas. São cerca de 30 mil vidas perdidas por ano. O Boletim Ruas Mais Seguras, da MobiliDADOS, afirma que em termos comparativos, é como se um município brasileiro de médio porte simplesmente desaparecesse a cada 365 dias.
Medidas que muitas vezes parecem antipáticas aos motoristas, como a redução de velocidades, fiscalização do cumprimento das regras de trânsito, vistoria de veículos e punições duras para comportamentos imprudentes, visam, na verdade, preservar vidas. Não é à toa que recentemente, a ONU estendeu, até 2030, a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, que tem colaborado para a implantação de ações de segurança no trânsito em diversos países.
A aplicação de leis de trânsito rígidas, o rigor na formação dos condutores de veículos e fiscalização eficiente são parte do caminho para que motoristas, pedestres, motociclistas, passageiros e ciclistas circulem em segurança e as mortes no trânsito sejam evitadas. As ações do governo federal, entretanto, têm flexibilizado cada vez mais as regras já existentes. Desde o ano passado, o número de radares e de multas diminuíram. Na mesma linha, está previsto para o início de 2021 a aplicação de algumas mudanças do Código Brasileiro de Trânsito, já aprovadas pelo Congresso Nacional.
Lesões e mortes no trânsito não são acidentes. São eventos previsíveis e suscetíveis de prevenção. Para tornar os deslocamentos das pessoas mais seguros, é necessário aliar políticas públicas federais, estaduais e municipais, reconhecendo que o problema possui múltiplas dimensões e que as responsabilidades sobre as mortes no trânsito são compartilhadas e incluem os usuários da via, gestores e projetistas. Melhorias no desenho e na sinalização de nossas ruas e rodovias, na fiscalização, na legislação e na educação para o trânsito, são elementos primordiais para reduzir o número de mortos e feridos.