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Gestão da Mobilidade: como os transportes podem contribuir para desacelerar as mudanças do clima e melhorar a saúde da população

Este texto faz parte da série Gestão da Mobilidade para cidades inclusivas, que explora estratégias capazes de tornar os sistemas de transporte mais inclusivos, equitativos e sustentáveis a partir do controle do tráfego de automóveis.
Foto: Martin Meissner/AP

Sempre que as mudanças do clima estão na pauta para discussão, os gases de efeito estufa (GEE) são citados como os grandes vilões a serem combatidos ou, ao menos, reduzidos. E eles de fato o são. Os GEE são responsáveis por desencadear uma série de processos que promovem ondas de calor, degelo de calotas polares e aumento do nível do mar, alteração de ecossistemas, dentre outros tantos problemas que a humanidade já começou a enfrentar. Gases como monóxido e dióxido de carbono são responsáveis pelo cenário catastrófico que os especialistas apontam, tendo como uma de suas principais fontes de emissão o setor de transportes.

Por mais que falar em mudanças do clima pareça algo cada vez mais próximo à nossa realidade, dificilmente conseguimos associar os efeitos diretos da poluição com as nossas vidas. Essa questão muitas vezes leva ao questionamento do quanto se deve estar engajado em uma mudança nos padrões de deslocamento, priorizando o transporte sustentável. O que faz essa discussão presente em nossa rotina é a poluição do ar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sinaliza que o ar poluído pode ser um “assassino invisível”. Da mesma forma como o setor de transportes tem uma participação significativa nas questões ligadas ao clima, também pode ser cruel e letal para a população.

A OMS estipula que cerca de 91% da população mundial respira ar poluído e inseguro para saúde. A exposição a um ar repleto de materiais particulados, dióxido de nitrogênio e de enxofre pode desencadear sérios problemas para a saúde. Os males associados vão desde dores de cabeça e irritação nos olhos, até câncer de pulmão e doenças cardiovasculares. Impacta também o sistema nervoso central e o aparelho reprodutor. A lista de riscos associados é longa e alarmante.

De acordo com Ilan Cuperstein, vice-diretor regional da C40 da América Latina, o setor de transportes é uma das principais fontes de poluição do ar nas cidades latino americanas. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o setor é responsável por 41,25% da emissão de gases poluentes.

Considerando a importância do setor no problema, devemos pensar seu papel para a solução. Uma medida que vem sendo adotada, em especial em cidades europeias, são políticas de criação de áreas com restrição de veículos poluentes. As chamadas zonas de baixa emissão (na sigla em inglês, LEZ), zonas de emissão ultra baixa (ULEZ) e zonas de zero emissão (ZEZ) são perímetros, geralmente localizados nos centros das cidades, nos quais existe a restrição ou a tarifação do acesso de veículos que contribuem para a emissão de poluentes.

Políticas desta natureza têm como objetivo principal a melhoria na qualidade do ar e à poluição sonora, minimizando a exposição da população urbana à poluição, reduzindo a incidência de doenças associadas e, em decorrência, os custos ligados ao sistema de saúde.

Ilan Cuperstein aponta ainda que além desses benefícios, as medidas tendem a estimular o comércio local e o aumento de empregos verdes. Isso porque além das restrições aos automóveis, as zonas devem estimular a mobilidade ativa, ampliando a infraestrutura e a qualidade da circulação a pé e por bicicleta. O aumento de pessoas nas ruas também tende a incentivar a atividade comercial. A implementação de zonas de baixa emissão ampliam a arrecadação municipal, gerando recursos para o reinvestimento na mobilidade sustentável.

Outro aspecto relacionado à política é a adoção de veículos movidos a fontes menos poluentes. A eletrificação da frota de transportes públicos e a adoção da logística verde são exemplos de iniciativas associadas a este tipo de iniciativa.

A implementação da política na área central, quando bem realizada, serve de piloto e vitrine para as demais áreas da cidade. O seu alcance pode crescer ainda mais com o engajamento da população, ator fundamental para o sucesso da iniciativa. Portanto, é necessário considerar os desafios associados às zonas para que não sejam responsáveis por reforçar a desigualdade no acesso à cidade, ou aumentar a poluição no entorno do perímetro. Medidas de incentivo ao uso do transporte público e a integração com o transporte ativo são fundamentais para a real melhoria da qualidade de vida da população e aumento do acesso às oportunidades.

A urgência climática demanda medidas ambiciosas que passam pelas esferas de governança, mas também por toda sociedade. Iniciativas capazes de tornar a mobilidade sustentável atrativa tem potencial para influenciar positivamente as emissões. Sendo o setor de transportes uma parcela tão importante no quadro atual, mudanças importantes em sua lógica também precisam acontecer.

Foto de capa: Mariana Gil (WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

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