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Bolsões de estacionamento e suas relações com a mobilidade urbana: o que você precisa saber sobre sistemas park-and-ride

Na integração dos sistemas de transporte, as pessoas que utilizam o carro para chegar até áreas centrais da cidade podem se beneficiar diretamente de um planejamento que integre o uso do automóvel e do transporte público.

Os bolsões de estacionamento junto a estações de transporte público, também chamados de park-and-ride (estacione e embarque, em tradução livre), são comuns em cidades europeias e norte-americanas, geralmente localizados nos subúrbios e regiões metropolitanas. O sistema tem como objetivo evitar que as pessoas utilizem o carro para chegar até as áreas centrais da cidade, permitindo que elas estacionem em alguma estação mais afastada da rede e dali embarquem no sistema de transporte público até seu destino final, reduzindo, assim, as horas perdidas em congestionamentos.

No entanto, para atingir a eficácia esperada, os bolsões de estacionamento devem ser instalados junto a estações de ponta de rede (no começo de alguma linha), figura 1, ou em estações de hub (aquelas que conectam diferentes linhas de transporte e, assim, distribuem a demanda na rede), figura 2.

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Fig. 1 – Fonte: Prefeitura do Rio https://goo.gl/9KZgLF

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Fig. 2 – Fonte: Prefeitura do Rio https://goo.gl/9KZgLF

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Estacionamentos localizados junto a estações na área central das cidades ou em bairros com predominância de atração de viagens tendem a servir apenas como destino final, ou seja, as pessoas vão de carro até estes locais e ali estacionam sem a necessidade de integrar com o transporte público. A consequência direta rende efeito contrário ao esperado: atrai um número maior de automóveis para regiões com oferta de transporte pela comodidade do uso do carro e retira usuários do transporte público gerando maiores congestionamentos e poluição.

No contexto brasileiro, o município de São Paulo tem um bom exemplo de bolsões de estacionamento. O sistema E-Fácil integra o uso do carro às 784 vagas de estacionamento localizadas próximas às estações de metrô Santos-Imigrantes e Corinthians-Itaquera. A primeira está localizada na interseção da Linha 2 – Verde com as rodovias que ligam a capital ao ABC paulista, conectando a demanda oriunda da região metropolitana ao sistema sobre trilhos. Já a segunda é a estação de ponta da Linha 3 – Vermelha na zona leste da cidade, uma das regiões com maior concentração de população de baixa renda em São Paulo.

Neste modelo, o usuário adquire o cartão E-Fácil, que serve como integração tarifária, e ao entrar no estacionamento, é debitado o valor referente ao período de 12 horas na vaga (R$ 12,95 na estação Santos-Imigrante e R$ 10,79 na estação Corinthians-Itaquera). Neste pagamento também são incluídas duas viagens no sistema público de transporte, que podem ser usadas tanto no metrô como nos trens metropolitanos ou linhas municipais de ônibus. Caso o usuário ultrapasse o período de 12 horas, passa a ser cobrado o valor de R$ 1,59 por hora adicional. Desta forma, os motoristas que têm como destino a região central da cidade são estimulados a realizar a integração com o transporte público nestas estações, evitando um maior número de carros circulando nas vias mais congestionadas da capital paulista.

No Rio de Janeiro, a Prefeitura lançou em fevereiro um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para o desenvolvimento de estudos de viabilidade técnica e econômica para a implantação de estacionamentos subterrâneos na cidade. A convocatória é para que empresas interessadas apresentem estudos de demanda, projetos de engenharia e modelagem econômico-financeira para a estruturação de um edital de concessão da construção e gestão destes estacionamentos. Sete das nove praças propostas no PMI estão localizadas próximas a estações de sistemas de transporte como BRT, VLT e metrô.

 

O PMI determina três lotes a serem analisados nos estudos com três praças em cada lote:

[one_third]Lote 1:
Praça do Lido (Copacabana),
Praça Serzedelo Corrêa (Copacabana),
Praça São Perpétuo (Barra da Tijuca)[/one_third]

[one_third]Lote 2:
Praça Virgílio de Melo Franco (Centro),
Praça General Osório (Ipanema),
Praça Magno (Madureira)[/one_third]

[one_third_last]Lote 3:
Largo Sérgio Vieira de Melo (Leblon),
Praça Demétrio Ribeiro (Copacabana),
Praça Santos Dumont (Gávea)[/one_third_last]

 

Alguns dos locais propostos, como as cinco praças na Zona Sul e a praça Virgílio de Melo Franco, no centro da cidade, estão localizados em bairros centrais com predominância de atração de viagens e não funcionam como estações hub. Já as praças Santos Dumont, na Gávea, e São Perpétuo, na Barra da Tijuca, não encontram-se nem a uma distância caminhável de alguma estação de transporte. Portanto, a tendência é que estes estacionamentos sirvam apenas como destino final para usuários de automóvel em regiões com tráfego já bastante intenso, sem que haja integração com o transporte público.

O planejamento para a implantação de estacionamentos junto a estações de transporte público deve fazer parte de uma política de mobilidade urbana integrada aos princípios de Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável, através do desestímulo ao uso do automóvel em prol de meios menos poluentes e mais equitativos, como o transporte público e os modos ativos, como a bicicleta e a caminhada. A observação de boas práticas em sistemas park-and-ride e seus respectivos contextos é fundamental para o projeto de novos sistemas de estacionamento que garantam a integração do automóvel com a rede de transportes e, assim, evitem atrair mais carros para as áreas já congestionadas das cidades.

 

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