Em dias de chuvas intensas, as ruas alagam, o transporte para e a população fica impossibilitada de chegar em casa. Nos períodos de calor extremo, as pessoas aguardam nos pontos sob o sol, e os ônibus não possuem ar-condicionado, tornando o trajeto, que já é demorado, ainda mais exaustivo. A crise climática tem agravado a precariedade do transporte público, impactando de forma ainda mais severa a população preta e pobre, que depende desse sistema para se deslocar pela cidade.
Promover a justiça climática é também (re)pensar a mobilidade urbana para torná-la mais resiliente aos impactos das mudanças do clima e garantir o direito de ir e vir das populações mais vulneráveis — que serão cada vez mais afetadas por esses eventos extremos. Nesse contexto, o ITDP Brasil e a Casa Fluminense, com apoio do Instituto Clima e Sociedade, desenvolveram o projeto Mobilidade e Justiça Climática na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com foco nos municípios de Japeri, Nilópolis e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
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O objetivo foi capacitar e engajar lideranças e organizações sociais desses territórios para que, coletivamente, elaborassem propostas integradas capazes de melhorar a mobilidade urbana e fortalecer o enfrentamento das desigualdades climáticas. Para Iuri Moura, gerente de desenvolvimento urbano sustentável do ITDP, essa iniciativa representa uma oportunidade de incluir a sociedade civil na construção de políticas públicas: “É essencial ouvir quem vive e sente na pele os desafios do dia a dia. Infelizmente, as políticas públicas são desenhadas por pessoas que não vivem nesses territórios.”
Na primeira etapa do projeto, mais de 60 pessoas participaram de três aulas sobre mobilidade urbana sustentável, justiça climática e sua relação com o Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável, acesso a oportunidades e a importância dos modos ativos e coletivos de transporte na promoção da justiça climática.
Em seguida, os participantes se reuniram em oficinas presenciais para discutir e desenvolver propostas alinhadas às realidades de cada território. Ao final do processo, cada município definiu cinco propostas prioritárias para melhorar a mobilidade e enfrentar os desafios climáticos locais.
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Com as cartilhas finalizadas, as equipes do ITDP e da Casa Fluminense, junto às lideranças de cada território, apresentaram as propostas aos gestores públicos dos municípios de Japeri e Nova Iguaçu, buscando articulação e compromisso com a pauta.
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Por último, aconteceu o lançamento oficial das cartilhas em Japeri. Esse foi um momento-chave para fortalecer o diálogo entre a população e as administrações municipais, abrindo caminho para soluções concretas que moldarão o futuro da mobilidade na região.