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“Não tinha paredes, não tinha teto. Mas tinham pessoas obstinadas por uma causa”, conta Helena Orenstein sobre o nascimento do ITDP Brasil

Escrito por Helena Orenstein de Almeida, diretora do ITDP Brasil de 2009 a 2013 e atual Presidente do Conselho Consultivo, em homenagem aos 10 anos do Instituto no país
 

Dois anos após a sua criação, o ITDP Brasil mostrou a que veio, por inteiro, cara, corpo e alma. Aconteceu no dia 2 de fevereiro de 2011, em um fim da tarde de verão carioca, com o histórico prédio do Centro Cultural dos Correios todo iluminado. Um grupo de ciclistas com suas bicicletas estacionadas junto à escadaria anunciava que iria acontecer ali um evento diferente.  Cartazes indicavam a inauguração da exposição As Cidades Somos Nós – desenhando a mobilidade do futuro

O futuro imaginado como marco foi o ano de 2030. Cerca de 500 pessoas circularam em cenário montado com artefatos de inspiração na cultura local para apreciar os painéis pendurados no teto que exibiam projetos de arquitetura formulados para cidades de países onde o ITDP Global atuava: Nova Iorque, Cidade do México, Buenos Aires, Ahmedabad, Jacarta, Joanesburgo, Guangzhou, Dar Es Salaam, Budapeste; e, com destaque e detalhamento técnico, a cidade do Rio de Janeiro. 

Como local de intervenção foi escolhida a área da estação Central do Brasil. O projeto mostrou como poderia ficar essa região até o ano de 2030, com a incorporação de “novos conceitos de transporte público, como o BRT, com ênfase na circulação de pedestres e ciclistas”, como divulgado na ocasião. 

A exposição ficou em cartaz do dia 3 ao dia 13 de março de 2011 com uma série de eventos paralelos, seminários com arquitetos e urbanistas de diversos países, visitas técnicas, monitoria para crianças e grupos escolares, além de vídeos produzidos para ampliar o senso crítico dos jovens por meio de linguagem audiovisual, despertando grande interesse da mídia. 

Pela primeira vez, foram alinhados os dez princípios de mobilidade urbana concebidos pelo ITDP para nortear a sua ação, que, em seguida, foram consolidados em oito. Os projetos arquitetônicos expostos provaram então ser possível traduzir esses princípios de mobilidade e concretizá-los no espaço urbano. 

No dia da abertura da exposição, um grupo de ciclistas pedalou até o local

Helena Orenstein de Almeida, ex diretora do ITDP Brasil

Além da exposição, o evento contou com seminários, programas educativos e visitas técnicas

Como desdobramento imediato, em parceria com o Sindicato da Habitação de São Paulo – SECOVI-SP, iniciamos os trabalhos para levar As Cidades Somos Nós para a capital paulista. Lançamos um concurso público de abrangência nacional para elaboração de uma visão para a área de intervenção no ano de 2030. A região escolhida foi a Praça da Bandeira e suas conexões com o Largo de São Francisco, Praça do Patriarca e Câmara Municipal de São Paulo. De um total de 106 inscritos, dentre estudantes e profissionais da arquitetura, foram selecionados três projetos expostos na noite de premiação, na sede do SECOVI, em setembro de 2011. Nessa ocasião, vídeos e fotos do evento no Rio foram também exibidos. 

Ainda em 2011, resultado de uma parceria com o Metrô Rio, trouxemos a exposição para a estação Ipanema do Metrô. Durante um mês, de 28 de novembro a 28 de dezembro, os princípios para a mobilidade sustentável do ITDP foram expostos em grandes painéis na estação Ipanema, por onde passam milhares de pessoas diariamente.

Vejo As Cidades Somos Nós como um marco fundamental na trajetória do ITDP Brasil, cujos positivos efeitos multiplicadores perduram até hoje. 

Comecei a trabalhar no ITDP em 2009, ano do nascimento oficial, registrado em cartório, com estatuto, nome e sobrenome: ITDP Brasil. Nasceu em berço privilegiado, contando com sólida bagagem técnica, administrativa e suporte financeiro do ITDP Global, que em 2020 completa 35 anos de reconhecida atuação mundial. 

Contei também com relações com governo e sociedade e com parcerias com organizações voltadas para a questão ambiental previamente estabelecidas e já enraizadas no DNA do futuro ITDP Brasil.  Isto porque, antes de inaugurar o seu ciclo de vida devidamente oficializado e legalmente reconhecido, coração e mente “itedepianos” já pulsavam no Brasil. Era uma casa um tanto engraçada, não tinha paredes, não tinha teto, mas tinha, sim, pessoas apaixonadas e obstinadas por uma causa, atuando desde os primeiros anos da década de 2000.  

Desde 2009, o ITDP esteve presente de diversas formas em diferentes cidades. Somente nos últimos 5 anos, o Instituto atingiu mais de 25 mil pessoas por meio de apresentações e atividades de capacitação.

Como membro do Conselho Consultivo a partir de 2014, acompanho o percurso do ITDP Brasil nestes últimos anos. Não se trata mais de “novos conceitos”. Bicicletas, BRTs e outras intervenções fazem parte da nossa paisagem urbana. Desacertos são apontados e medidas sugeridas; acertos vêm sendo disseminados para outras cidades. 

Entretanto, o momento agora traz novos e enormes desafios à medida que governos questionam os efeitos perversos do aquecimento global cientificamente comprovados e persiste em nosso País um alto grau de desigualdade econômica e social. 

Atento às especificidades da política nacional, o ITDP Brasil mostrou a sua capacidade de redefinir estratégias, respondendo aos atuais desafios com foco na mobilidade inclusiva e na redução da desigualdade. 

Parabéns. Desejo vida longa e sustentável para o ITDP Brasil. 

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