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Sistemas de BRT quase quadruplicam nos últimos dez anos e viram tendência mundial

ITDP divulga dados do crescimento do número de sistemas ao redor do mundo, avaliações de 100 BRTs em diferentes países e mapa interativo. Clique aqui para visualizar o infográfico na íntegra.

Cada vez mais cidades no mundo investem em sistemas de operação exclusiva em corredores de ônibus (BRT, da sigla em inglês para Bus Rapid Transit) como uma solução eficiente de transporte de alta capacidade. O crescimento no número de sistemas desse tipo em todo o mundo foi de 383% nos últimos dez anos, chegando a centenas de sistemas em diferentes países, de acordo com novos dados divulgados hoje (24/11/2014) pelo ITDP e endossado por parceiros de renome internacional, como a Rockefeller Foundation, Fundação Barr, ClimateWorks Foundation, GIZ, ICCT, PNUMA e ONU Habitat.

Outros dados destacam-se na pesquisa conduzida pelo ITDP: 65% de toda a malha de BRTs foi construída nos últimos 10 anos, principalmente em países como China, Brasil e Indonésia. Embora variem entre as nações, os custos para implementação da infrestrutura desistemas de BRT são geralmente menos de 10% dos custos para implementação de sistemas de metrô, e 30 a 60% do custos de sistemas como o VLT (veículo leve sobre trilhos).

“Felizmente, os governos de todo o mundo estão cada vez mais se voltando para o BRT como uma solução de baixo custo que pode ser implementado rapidamente. Quando bem planejado e implementado, o sistema é capaz de atender um grande número de passageiros e oferecer velocidade, capacidade e conforto”, explica Jacob Manson, Gerente de Pesquisa e Avaliação em Transportes do ITDP, engenheiro de transportes, mestre em planejamento urbano.

Segundo a pesquisa, a China é a líder global em BRT, tendo acrescentado 538 km nos últimos dez anos. O Brasil, em parte em função dos compromissos assumidos com a realização dos jogos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, construiu 206 km, e possui quase o mesmo número de quilômetros em fase de planejamento e/ou implementação.

No mesmo período, o México construiu sete corredores de BRT na Cidade do México e outras seis cidades, o que representa um aumento de 222 km. Outros países que também se destacaram são a Colômbia, cujo sistema TransMilenio inspirou novos sistemas de BRT em todo o mundo, com novos 131 km na última década. Indonésia criou o corredor Transjakarta em 2004, e desde então tem expandido o sistema (o mais longo do mundo), com 210 km. Equador, Índia, África do Sul e França também fizeram grandes investimentos em corredores de BRT na última década, somando respectivamente 75 km, 95 km, 70 km e 68 km.

Mesmo os Estados Unidos, que tem tido um avanço mais lento na implementação desse modo de transporte, acrescentou 81 km em seis novos sistemas nos últimos dez anos. Pittsburgh, Cleveland, Las Vegas, Eugene, Los Angeles e San Bernadino hoje tem corredores de BRT de alta capacidade avaliados pelo ITDP como Prata ou Bronze, e Chicago, San Francisco, Boston e Albuquerque são algumas das cidades com corredores em fase de planejamento e/ou implementação.

“Tão rápido quanto tem crescido nos últimos dez anos, nós esperamos que esta tendência continue ao longo dos próximos dez, como mais e mais cidades descobrindo os benefícios dos sistemas de BRT”, explica Jacob Manson. “China, Índia e Ásia têm vários novos sistemas em fase de planejamento, e estamos realmente animados com seu potencial na África, onde o planejamento de novos corredores de BRT está progredindo na Tanzânia, Uganda, Quênia, África do Sul e Egito “.

Até há alguns anos atrás não havia um entendimento sobre o que é um sistema de BRT, e a ausência dessa definição levou a uma certa confusão sobre o conceito. Além disso, a falta de um alinhamento conceitual entre planejadores e engenheiros fez com que, para cada novo corredor de BRT de alta qualidade, dezenas de outros corredores de ônibus fossem abertos e chamados incorretamente de BRT.

Por isso, em 2012 o ITDP criou o Padrão de Qualidade de BRT, para estabelecer uma definição comum dos sistemas de operação exclusiva em corredores de ônibus e reconhecer os sistemas de BRT de mais alta qualidade já implantados em todo o mundo.

A publicação funciona como uma ferramenta de avaliação dos sistemas de BRT com base nas melhores práticas internacionais, sendo usado em todo o mundo. Mais do que um manual, ele também estabelece um ranking no qual os corredores de BRT são classificados segundo uma série de categorias que refletem o desempenho e a qualidade do serviço, recebendo uma pontuação de 0 a 100. Os corredores de BRT são então classificados nos rankings Ouro, Prata, Bronze e Básico.

Os elementos que receberam pontos no Padrão de Qualidade de BRT são avaliados em uma grande variedade de contextos, não só pelo ITDP mas também pelos maiores especialistas técnicos em BRT do mundo. A certificação de um corredor de BRT nas categorias Ouro, Prata, Bronze e Básico estabelece um padrão reconhecido internacionalmente do que é o BRT e de quais são as melhores práticas nesse tipo de sistema.

Ao todo já são 98 corredores avaliados em 62 cidades usando este padrão criado pelo ITDP. Destes, 15 receberam o selo Ouro, 28 foram classificados como Prata e 41 Bronze, e 6 como BRT Básico (o que indica que um corredor tem as características mínimas para ser considerado BRT).

Além disso, ITDP identificou 200 corredores adicionais que atendem preliminarmente os requisitos básicos para serem considerados BRT. As pontuações levam em consideração mais de 30 elementos de design e planejamento dos corredores de BRT, e a pontuação atribuída de acordo com o potencial de melhorar de forma significativa o desempenho operacional de todo o sistema.

Entre os bons exemplos de BRTs estão os corredores Transcarioca do Rio de Janeiro, Metrobús da Cidade do México e My CiTi, na Cidade do Cabo. Nos Estados Unidos, os melhores exemplos são a HealthLine de Cleveland, a Emerald Express Green Line de Eugene, o Martin Luther King Jr. East Busway de Pittsburgh, o Downtown Express que circula pela via principal (Strip) de Las Vegas, e a Orange Line de Los Angeles.

“As cidades ao redor do mundo estão crescendo com cada vez mais poluição e engarrafamentos. Para que possam tornar-se cidades competitivas e dar mais qualidade de vida aos seus habitantes elas precisam urgentemente investir em transporte de alta capacidade como os sistemas de BRT”, conclui o Gerente de Pesquisa e Avaliação em Transportes do ITDP.

Segundo a publicação, BRT é um corredor de ônibus de alta capacidade equivalente aos sistemas de metrô, proporcionando um serviço rápido, confortável e de alto custo-benefício. São cinco as características essenciais que definem um sistema BRT. O primeiro deles são as faixas exclusivas de ônibus, que tornam viagens mais rápidas e reduzem atrasos devido ao tráfego misto.

Outra característica importante é o alinhamento das faixas de ônibus. O corredor no eixo central evita que os ônibus tenham que circular nas faixas próximas às calçadas, onde há muito movimento de carros e caminhões parando. O pagamento da tarifa fora do ônibus feito na própria estação e não no interior dos ônibus elimina os atrasos causados por passageiros esperando sua vez para pagar dentro dos ônibus, e é a terceira característica que define um sistema BRT.

A quarta é o tratamento das interseções. A proibição de que outros veículos atravessem as faixas de ônibus para virar nas interseções reduz atrasos que isto pode provocar no movimento dos ônibus e facilita sua passagem pelas interseções. A quinta e última característica que define um sistema BRT são as plataformas de embarque em nível, alinhadas com o piso dos ônibus. Elas garantem um embarque rápido e fácil, com acessibilidade total para passageiros com necessidades especiais.

O ranking com as pontuações de 45 corredores de BRT avaliados em 2014 no Brasil e no mundo também está disponível aqui, além da nova versão do Padrão de Qualidade BRT em português

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