Na última terça-feira (26/07), diversas organizações e representantes da sociedade civil participaram do lançamento da Agenda Rio2017, que consiste em um documento com propostas para qualificar o debate público sobre os caminhos do Rio pós-Jogos, indo além do ciclo dos grandes eventos, do balanço do seu legado e da atual crise de recursos e horizontes do estado.
O ITDP Brasil, a Casa Fluminense e uma série de outros parceiros trabalharam em conjunto para a construção da Agenda, que é fruto de entrevistas com atores de referência na cidade, fóruns para formulação de políticas, levantamento de dados e estudos. O foco da Agenda Rio é oferecer propostas para os principais desafios do Rio nos próximos anos: da mobilidade à Baía de Guanabara; do saneamento à segurança pública; da inovação econômica à ampliação da participação e transparência na gestão.
Ana Nassar, diretora de programas do ITDP Brasil, abriu a sessão de apresentações compartilhando conceitos sobre o desenvolvimento orientado ao transporte sustentável e destacou a importância da transparência nos processos. “Devem ser estabelecidas metas claras nos programas de governo para mobilidade urbana, assim como instrumentos para dar transparência à sua execução, permitindo o controle pela sociedade civil“, afirmou a especialista, que é mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB).
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O desafio é grande e esperamos que a Agenda Rio 2017 possa apontar caminhos e visões para um Rio metropolitano mais integrado, conectado e acessível. Para isso, a Casa Fluminense e o ITDP Brasil apresentaram um infográfico com dados do indicador PNT do Rio e da Região Metropolitana (RMRJ). O PNT, da sigla para o termo original em inglês People Near Transit, é um indicador que aponta a percentagem calculada a partir do número de pessoas residentes em um raio de até 1km nos entornos das estações de transportes de média e alta capacidade, dividido pelo total da população da cidade ou município. “Quanto mais pessoas viverem próximas ao transporte público, melhor será seu acesso a tudo o que o ambiente urbano tem a oferecer. No município do Rio de Janeiro, 47% dos habitantes moram a uma distância que pode ser percorrida a pé até as estações (1km). Na Região Metropolitana, esse número cai para 28%”, explica Gabriel Oliveira, coordenador de transporte público do ITDP Brasil.
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O infográfico foi desenvolvido para apontar dados de quais áreas do Rio e da Região Metropolitana tem mais potencial para receber investimentos em moradia, emprego e equipamentos diversos, públicos e privados. Diariamente, cerca de 68% das pessoas que trabalham e moram nos demais municípios da Região Metropolitana precisam ir ao município do Rio, onde se concentram oportunidades de emprego e renda.
O desequilíbrio na distribuição do transporte e das oportunidades gera mais necessidade de viagens de pessoas e bens, acentua a desigualdade socioeconômica e uma série de impactos negativos para a sociedade como um todo. “Nossos eixos de transporte precisam de adensamento que requalifiquem seus usos, de maneira que as pessoas tenham menos necessidade de se deslocar por tanto tempo para realizar suas atividades”, destaca Vitor Mihessen, coordenador de informação da Casa Fluminense.
Reduzir as distâncias é uma forma de reduzir as desigualdades sociais. Para Letícia Bortolon, coordenadora de políticas públicas do ITDP Brasil, pensar mobilidade é pensar uma cidade para todas as pessoas, “Estados e municípios precisam unir esforços para qualificar as redes de transporte público e promover o desenvolvimento de novas centralidades de forma mais justa no território metropolitano“, complementa.
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Clique aqui para fazer o download do infográfico.
Os protestos de junho de 2013 mostraram o quanto mobilidade urbana é uma questão urgente. E conforme cresce a metrópole fluminense, crescem as distâncias entre moradia e trabalho. Por isso, o ITDP Brasil, a Casa Fluminense e uma série de outros parceiros estão convidando a população fluminense a pensar o Rio Metrópole para além dos Jogos Olímpicos de 2016.