O modelo TEEMP (da sigla original, em inglês, Transport Emissions Evaluation Models for Projects) é uma ferramenta baseada em Excel, gratuita, utilizada para avaliar o impacto de sistemas de BRT planejados ou em operação em termos de emissões de gases do efeito estufa e de poluentes locais.
Considerando o tamanho, a escala e a diversidade de projetos de BRT, criar uma estimativa dos impactos ambientais de um sistema pode ser um exercício complicado e intensivo em informações. O modelo TEEMP foi desenvolvido para simplificar este processo para projetos de BRT tanto em seus estágios iniciais de planejamento quanto uma vez já implementados e completamente operacionais.
A ferramenta foi inicialmente desenvolvida pela Clean Air Initiative for Asian Cities (CAI-Asia) e pelo ITDP para avaliar o impacto dos projetos de transporte do Banco de Desenvolvimento Asiático (ADB). O modelo foi então aprimorado e estendido para ser utilizado como base de avaliação dos projetos do Global Environment Facility. O modelo tem foco em países emergentes, incorpora categorias e métricas do Padrão de Qualidade de BRT, que ajudam a identificar os melhores projetos de concepção de BRT, e dados de emissão mais recentes do projeto de pesquisa ARTEMIS, coordenado pela Agência Ambiental Europeia (EEA).
Abaixo é explicado um panorama da metodologia e de sua utilização. Para mais informações sobre o modelo TEEMP, por favor contate o ITDP.
Panorama da Metodologia
O modelo TEEMP calcula o total de emissões evitadas com a implementação de um novo sistema de BRT. Para isso, são comparadas as emissões de um cenário-base, sem a implementação do projeto em questão, com o cenário pós-projeto construído. O modelo TEEMP oferece tanto uma alternativa simples (Método Shortcut), quanto uma completa (Método Full).
Os impactos diretos são resultado dos seguintes fatores:
- Transição modal resultante da implementação do projeto;
- Redução de quilometragem percorrida pela reorganização de linhas;
- Eficiência energética por operação otimizada e combustível menos poluente (em termos de poluentes locais);
- Veículos mais eficientes, em termos de gramas de CO2 por passageiro por quilômetro transportado, dada frota renovada ou maior capacidade do veículo;
- Estímulo a um desenvolvimento mais compacto fruto de eventuais câmbios no uso do solo, o que diminui a dependência de automóveis privados, induz a transição modal e diminui as distâncias percorridas por viagem. Este ponto, para ser calculado como um impacto indireto secundário, depende da existência de políticas específicas.
O Método Shortcut permite o cálculo do montante estimado de emissões atmosféricas de gases do efeito estufa (CO2) evitadas com o projeto de BRT. Este método foi construído a partir da compilação e análise de diversas modelagens realizadas para projetos que tiveram acesso ao crédito de carbono (projetos CDM), projetos do GEF, e projetos do ITDP. Os coeficientes médios (excluindo valores discrepantes) de emissão por passageiros transportados e por quilometragem para estes corredores são utilizados para se chegar rapidamente a uma estimativa de emissões de CO2 evitadas com um novo corredor de BRT.
No Método Full, além das emissões de GEE (CO2), são avaliadas também emissões evitadas de poluentes locais (material particulado e óxidos de nitrogênio), economia de combustíveis e redução de quilometragem percorrida (VKT) ao longo do corredor. Para o cálculo, são imputadas no modelo dados básicos sobre os modos de transporte afetados pelo novo sistema de BRT (conforme fluxograma), sendo eles:
- Demanda esperada para o sistema;
- Migração modal esperada para os anos de operação do sistema;
- Características tecnológicas e ambientais para cada um dos modos de transporte existente no sistema:
- Tipo de motor, combustível utilizado e fator de consumo de combustível;
- Ocupação, velocidade média e quilometragem média por passageiro transportado;
- Fator de emissão de GEE e poluentes locais (Material Particulado e Óxidos de Nitrogênio) para cada tipo de combustível e motor.
O Método Full pode ser parametrizado em função da realidade tecnológica e energética local brasileira, baseando-se em:
- Dados do Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários do Ministério de Meio Ambiente (revisão mais recente realizada em 2013);
- Dados fornecidos pelo órgão gestor ou operador do Transporte Público na localidade estudada;
- Dados obtidos através da pesquisa de campo.
O Método Full já foi realizado para dois projetos de BRT do Rio de Janeiro e se encontra documentado no Relatório de Análise de Impacto do BRT TransCarioca e BRT TransOeste.