Em um contexto de emergência climática, é fundamental discutir estratégias que promovam cidades mais resilientes, sustentáveis e inclusivas, alinhadas aos debates da COP30 e às demandas urbanas futuras. Por isso, no último mês, o ITDP realizou a capacitação Mobilidade Urbana e Soluções Baseadas na Natureza: Integrando Estratégias de Adaptação para as Cidades Brasileiras, em parceria com os Ministérios das Cidades e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e apoio do Instituto Itaúsa e da Rede para Desenvolvimento Urbano Sustentável (ReDUS). O encontro destacou como as cidades de Sobral (CE), Campinas (SP) e Medellín (Colômbia) estão avançando em abordagens práticas capazes de integrar Soluções Baseadas na Natureza (SbN) ao planejamento da mobilidade urbana, com resultados focados na adaptação climática e em infraestrutura inclusiva.
Foram mais de 1.200 inscrições e cerca de 700 pessoas participando ao vivo da atividade, com presença significativa de instituições do setor público, em sua maioria de representantes de cidades brasileiras.
A discussão foi mediada por nossa gerente de mobilidade ativa, Danielle Hoppe, que apresentou o conceito de SbN e as abordagens do ITDP Brasil para o tema. Além disso, o diretor na Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, no Ministério das Cidades, Marcos Daniel, reforçou a importância de esforços colaborativos para o avanço de uma mobilidade sustentável.
As experiências nacionais e internacionais
Infraestrutura Verde e Azul em Sobral, Ceará
Representando a Prefeitura de Sobral, a coordenadora de planejamento urbano na Secretaria do Urbanismo e Meio Ambiente, Sarah Moura, apresentou uma análise sobre a implementação de infraestruturas resilientes na cidade. Um dos principais desafios foi adaptar a mobilidade ao clima quente da região. Uma das medidas adotadas foi implantação de corredores verdes, que resultaram da integração entre o Plano de Mobilidade e o Plano de Arborização Urbana que estabelece diretrizes para o plantio de árvores nas principais vias da cidade. A iniciativa criou corredores verdes com ciclovias conectadas às praças, melhorando não apenas a caminhabilidade, mas também revitalizando os ecossistemas locais.

Plano Local de Ação Climática de Campinas, São Paulo
A assessora técnica da Secretaria Municipal do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade de Campinas, Ângela Cruz Guirão, destacou que o ponto central para o sucesso dos projetos de adaptação na cidade foi ouvir e capacitar a comunidade. Além disso, a coordenadora de Inovação em Urbanismo e Mobilidade na Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas e na Secretaria de Transportes, Michelle Rosa reforçou que somente com as ações de SbN e urbanismo tático para ampliação dos espaços caminháveis, foi possível transformar o microclima do município, reduzindo o número de ilhas de calor e melhorando a permeabilidade dos bairros atingidos por enchentes.

Corredores Ecológicos de Medellín, Colômbia
Já Ana Maria Villa Grajes, da Secretaria de Meio Ambiente de Medellín, apresentou etapas do planejamento e da implementação dos Corredores Ecológicos de Medellín, que partiram da priorização de cursos d’água e vias estruturais para a criação de uma rede de conectividade ecológica. Entre os resultados notáveis dessa política pública estão a redução de quase 2°C na temperatura e o retorno da fauna local, que voltou a frequentar o ambiente urbano após a implantação dos corredores ecológicos.

Os casos apresentados demonstraram que aliar princípios ecológicos e usar estrategicamente os processos naturais no desenvolvimento urbano e na mobilidade gera resultados concretos como a redução do calor urbano e a minimização de enchentes, melhorando a qualidade de vida e aumentando a resiliência das cidades frente à emergência climática em curso.
Assista a capacitação
As apresentações das painelistas estão disponíveis na biblioteca do ITDP Brasil na ReDUS.