As políticas de transporte e desenvolvimento urbano interferem diretamente no tempo que as pessoas têm para chegar ao destino desejado. No Brasil, a facilidade que a população tem para acessar as oportunidades que as cidades oferecem, como o trabalho e a escola, é marcada pelo nível de desigualdade social, especialmente pela renda, local de moradia e pela cor da pele.
Buscando colaborar com o tema, o ITDP Brasil e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançam o Projeto Acesso a Oportunidades com o objetivo de mapear as condições de acessibilidade urbana nas cidades mais populosas do país em 2019. O diagnóstico analisa quantos equipamentos de saúde, oportunidades de trabalho e unidades de educação a população consegue acessar em 15, 30, 45, 60 e 120 minutos.
Os primeiro estudo do projeto apresenta resultados por modos ativos (a pé e bicicleta) para as 20 maiores cidades do Brasil, e por transporte público para as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Curitiba.
Durante o diagnóstico, nota-se uma concentração de oportunidades e de conectividade entre os modos de transporte nos centros urbanos, enquanto as regiões mais periféricas apresentam baixos níveis de desenvolvimento, atividades e opções de transporte público. Sob o recorte de renda e cor/raça, essas desigualdades se repetem.
Exemplo do diagnóstico para a cidade de Recife
Por outro lado, verifica-se que a população mais branca e de mais alta renda está mais próxima das oportunidades de emprego, saúde e educação. Para Bernardo Serra, Gerente de Políticas Públicas do ITDP e colaborador do projeto, o estudo destaca o potencial que os sistemas de transporte público têm para reduzir as desigualdades inerentes a forma como essas cidades cresceram nas últimas décadas.
O principal objetivo do estudo, que será replicado nos próximos anos, é fornecer um retrato periódico sobre o acesso às oportunidades nas cidades brasileiras e gerar subsídios para o aprimoramento das políticas públicas urbanas. Espera-se que os dados abertos do projeto contribuam para o aprofundamento de diagnósticos locais e auxiliem pesquisadores e gestores públicos na elaboração e avaliação de políticas urbanas para construirmos cidades mais sustentáveis, justas e inclusivas.
Os dados encontram-se disponíveis na plataforma interativa feita pelo Ipea e o estudo completo pode ser acessado no site do ITDP: