Notícias

Compartilhe essa publicação

ITDP avalia a vulnerabilidade dos sistemas de mobilidade urbana frente às mudanças climáticas 

É ano de COP 30 no Brasil. Precisamos elevar a discussão sobre transição energética e ver mudanças concretas nas cidades. Não será possível cumprir a agenda climática sem a descarbonização do transporte público. 

A emergência climática tem se agravado nos últimos anos e seus efeitos na mobilidade urbana são evidentes. É cada vez mais comum as fortes chuvas, inundações e ondas de calor afetarenegativamente a forma como as pessoas se deslocam nas cidades, impactando o tempo de deslocamentoo conforto nos trajetos, o acesso às oportunidades e a qualidade de vida da população. E nessa conta, quem mais sofre são as pessoas mais vulnerabilizadas na mobilidade urbana, como cuidadores, idosos, mulheres e pessoas negras. 

Em Salvador, pessoas expostas ao sol esperam pelo ônibus. Foto: Gabrielle Guido

À medida que os efeitos das mudanças climáticas pioram e afetam a garantia dos deslocamentos, cabe pensar em compromissos climáticos mais concretos, na viabilização de financiamento e na coordenação entre as esferas de governo para evitar que os trajetos diários sejam prejudicados ou até mesmo interrompidos nas cidades brasileiras. Nesse sentido, lançamos a versão atualizada do Índice de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas na Mobilidade Urbana (IVMU), publicado em 2018, para analisar o quão vulneráveis estão os sistemas de transporte em nossas cidades frente às mudanças climáticas. O principal objetivo é oferecer uma base comparável e simplificada para subsidiar ações concretas imediatas.  

O estudo analisa como os deslocamentos das pessoas em um município podem ser prejudicados por eventos climáticos. Esse diagnóstico foi feito a partir do conceito de vulnerabilidade na mobilidade urbana frente às mudanças do clima, que considera a sensibilidade da população, das infraestruturas e dos serviços de transporte a esses eventos; e a capacidade de adaptação do município. A metodologia foi aplicada em todas as 320 cidades com mais de 100 mil habitantes no Brasil. 

O estudo está disponível na íntegra em português e possui um resumo em inglês.

Como entender o IVMC

O Índice de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas na Mobilidade Urbana (IVMU) mede a propensão de um município a sofrer impactos negativos na mobilidade urbana devido a ameaças climáticas, considerando aspectos sociais, econômicos, espaciais e institucionais.

O cálculo combina dois componentes:

IVMV = (Sensibilidade)²
÷
Capacidade Adaptativa

Sensibilidade

quanto maior, maior a vulnerabilidade do munícipio

sensibilidade avalia como a mobilidade urbana pode ser afetada por eventos climáticos em função de fragilidades sociais, econômicas, urbanas, de mobilidade e ambientais. Essas fragilidades amplificam os impactos dos eventos climáticos nos deslocamentos. 

Capacidade adaptativa

quanto maior, maior a vulnerabilidade do munícipio

capacidade adaptativa mostra como pessoas, instituições e sistemas naturais podem se ajustar a perigos climáticos. Características econômicas, de governança e de finanças públicas podem colaborar para maiores capacidades adaptativas. 

Além de sintetizar a situação de 320 cidades, o estudo mostra o quanto a mobilidade urbana é sensível a perigos climáticos e o quanto o município consegue resistir, enfrentar e se adaptar a esses eventos adversos. “Nosso objetivo é criar um parâmetro comparativo entre cidades e regiões com o intuito de ordenar prioridades de ação ao nível nacional e regional”, afirma Leonardo Veiga, gerente de projetos no ITDP e responsável por coordenar a pesquisa.  

Os resultados mostram uma relação desigual entre as nossas cidades. Algumas possuem capacidade de se adaptar mais facilmente, outras são altamente vulneráveis

Distribuição relativa (%) dos munícipios entre categorias do IVMU por Região 

  • As regiões Norte e Nordeste concentram a maior parte das cidades altamente vulneráveis 
  • As regiões Sul e Sudeste apresentam um perfil heterogêneo, com municípios altamente vulneráveis e intermediários 
  • A região Centro-Oeste possui um perfil equilibrado, com municípios bem distribuídos entre categorias altamente vulneráveis e pouco vulneráveis 
  • Os estados mais críticos são Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará, Minas Gerais, Maranhão, Ceará, Amazonas, Sergipe, Amapá e Bahia 

O diagnóstico aponta que as cidades entre 100 e 300 mil habitantes são as mais vulneráveis. Por outro lado, apesar dos municípios acima de 300 mil habitantes possuírem maior capacidade de adaptação, as pessoas enfrentam longos tempos de deslocamento e alta exposição a eventos extremoOutro resultado relevante é que, ao analisar as regiões metropolitanas, verifica-se que as áreas centrais tendem a ser mais resilientes, enquanto as áreas periféricas enfrentam maiores níveis de sensibilidade e risco climático. 

No Rio de Janeiro, uma forte chuva alaga as ruas dificulta a locomoção das pessoas. Foto: Celso Pupo via Shutterstock

A avaliação busca ajudar as cidades a responderem que medidas precisam tomar para se adaptar e orientar quais políticas ou ações podem ser eficazes para impedir ou reduzir danos para as cidades, os sistemas de mobilidade urbana e para a população. Por isso, além de oferecer resultados, o índice também apresenta recomendações focadas para o Governo Federal, para as regiões metropolitanas e estados brasileiros, além de orientações para as cidades com base no número de habitantes. 

Faça o download do estudo

Receba o nosso informativo

Inscreva-se para receber atualizações dos nossos projetos, eventos e publicações.

Ao preencher o formulário você concorda com a nossa Política de Privacidade.