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Como criar cidades para as crianças pequenas?

Assim como para qualquer outro cidadão, a mobilidade urbana também desempenha papel fundamental nos deslocamentos de bebês e crianças. Entretanto, os sistemas de transportes não são pensados para atender aos desafios e necessidades dos pequenos, especialmente dos que têm até 6 anos. Essa é a faixa etária a que chamamos de primeira infância. Crianças nessas condições viajam geralmente acompanhadas de seus cuidadores, que, por sua vez, possuem um padrão de deslocamento mais complexo, com viagens menos planejadas e fora dos horários de maior movimento. 

Com o objetivo de explorar a relação entre a mobilidade urbana e os aspectos que impactam o desenvolvimento e a qualidade de vida da primeira infância, o ITDP lançou uma série de publicações com o apoio da Fundação Bernard van Leer. Os materiais são baseados em estudos realizados na cidade do Recife e destacam os principais desafios e recomendações que as cidades brasileiras precisam avançar para tornar as cidades mais sensíveis à primeira infância.

Para dar continuidade ao projeto, o ITDP realizou o estudo Rotas prioritárias para a primeira infância na cidade do Recife, com o apoio técnico da Scipopulis, da Secretaria de Planejamento, Gestão e Transformação Digital de Recife (SEPLAGTD), da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano de Recife (CTTU) e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado de Pernambuco (SEDUH-PE). O material identifica vias com trechos congestionados e propõe intervenções para dar prioridade ao transporte público e, assim, trazer benefícios para bebês, crianças e seus cuidadores. O objetivo é melhorar a rede de transporte público por ônibus para responder às necessidades da primeira infância. E também promover a integração de políticas públicas de áreas diferentes, projetos e iniciativas de mobilidade voltadas ao tema. 

Por que é importante criar vias prioritárias?

Foto: Fábio Lima/O POVO

Garantir a prioridade do transporte público nas vias públicas tem potencial significativo para diminuir as desigualdades sociais e melhorar os deslocamentos da primeira infância e seus cuidadores. Um transporte público mais rápido e de qualidade pode facilitar e reduzir o tempo das viagens dos cuidadores e crianças até as escolas, postos de saúde ou outros locais; tornar o transporte público mais confortável e confiável deixá-lo menos congestionado; garantir que os ônibus passem sempre na “hora certa”; e contribuir para que eles poluam menos a cidade. 

A identificação de vias para implantação e extensão de faixas prioritárias na capital de Pernambuco foi realizada a partir da localização de dados territorializados de equipamentos de primeira infância (isto é, creches e hospitais), pontos de congestionamento (a partir de dados de GPS e GTFS dos ônibus da cidade) e de avaliação de cenários com fins de identificar as melhores alternativas de promover benefícios ao deslocamento desse público-alvo. Após o mapeamento dos principais obstáculos enfrentados pelos sistemas de transporte público, utilizando a velocidade dos ônibus como medidores (quanto mais congestionado, mais crítico), foram identificadas quais vias teriam maior prioridade para receber uma eventual intervenção. 

Durante a análise, foram consideradas locais que estão próximos aos equipamentos de educação e saúde de primeira infância, bem como as que trariam maiores reduções de poluentes locais e globais. É importante lembrar que o impacto negativo da poluição do ar é ainda mais delicado para crianças de até 3 anos, que inspiram uma quantidade maior de partículas nocivas à saúde, pois possuem uma frequência respiratória superior se compararmos com a dos adultos. 

As intervenções foram separadas em três potenciais cenários considerando a maior facilidade e prioridade de implementação a curto, médio e longo prazo. Essas também se somam às Faixas Azuis e BRTs já existentes, que por si só já impactam os equipamentos de forma positiva, estabelecendo uma rede única de conexão na cidade.

No total, foram identificados 77km de vias com potencial para serem prioritárias, com impacto  direto no deslocamento de mais de 80 mil crianças. Nessa parcela, quase mais de 2500 crianças estão matriculadas nas creches e/ou escolas da cidade e cerca de 570 crianças atendidas nas UPAs e/ou hospitais por dia.

Os resultados mostram também que, se realizada a implementação das intervenções, os engarrafamentos nas vias reduziriam no pico da manhã e o ganho de velocidade acumulado seria de 6,6 km/h, enquanto no pico da tarde seria 5,2 km/h. Para as regiões periféricas, o ganho é ainda mais expressivo porque o crescimento da velocidade nas vias aumenta o acesso ao centro, que possui a maior parte dos equipamentos e atividades de lazer. 

Outro fator positivo seria em relação à redução nas emissões na cidade. A mudança tem potencial para colaborar com uma diminuição de 1,33 toneladas de gás carbônico (CO2), 32,3 kg de óxido de nitrogênio (NOx) e 0,17 kg de Material Particulado (MP) por dia.

Os impactos refletem diretamente na primeira infância. Morar perto de vias que priorizam o transporte público garante que as crianças e cuidadores usufruam de melhores condições de viagem para acessar os equipamentos de saúde e educação, além de assegurar uma melhoria no seu acesso para outras atividades, como lazer e trabalho. 

Iniciativa para outras cidades

O estudo oferece subsídios e insumos técnicos para a implantação e extensão de faixas prioritárias para o transporte público na cidade do Recife. Entretanto, o processo utilizado pode ser replicado para outras cidades brasileiras, como é o caso da cidade do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A metodologia é a mesma utilizada na elaboração dos documentos O carioca e o transporte na cidade e O belorizontino e o transporte na cidade, enviados aos candidatos que concorreram nas Eleições de 2020 e propõe propostas para a melhoria da mobilidade urbana da cidade com base na prioridade para o transporte público nas vias. 

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