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Bolsões de estacionamento integrado: quando e como optar por esta política?

A política de estacionamento nas cidades é um importante instrumento de gestão da mobilidade urbana. Racionalizar e cobrar a utilização das vagas em vias públicas e limitar a oferta de estacionamento próximo às estações de transporte público são duas estratégias que devem ser adotadas para desestimular o uso do automóvel. Combinadas, elas resultariam em menores congestionamentos e melhores condições para a circulação de pedestres e ciclistas. Outra medida relacionada à política de estacionamento que difundiu-se em décadas passadas, principalmente no contexto dos subúrbios norte-americanos e europeus, são os bolsões de estacionamento integrado, também conhecidos como park-and-ride. Estes equipamentos permitem ao usuário de transporte individual estacionar seu veículo próximo a uma estação ou área de embarque de transporte público e posteriormente utilizar este sistema até seu destino final.

A proposta surgiu em 1932 quando o holandês Bernard Mees publicou o livro Traffic Issues for the Big City, apresentando possíveis estratégias de estacionamento para reduzir o congestionamento nas áreas centrais das cidades. O objetivo destes serviços é reduzir o uso do automóvel em determinados trechos dos deslocamentos das pessoas, sobretudo aquelas que vivem em áreas mais afastadas da região central, por meio da integração do carro com os sistemas de transporte público. Desta forma, as pessoas são estimuladas a deixar seu carro em alguma estação mais distante do centro e seguir seu trajeto por meio do transporte de média e alta capacidade, reduzindo assim os congestionamentos, os tempos de viagem, a poluição e o número de colisões causados pelo uso massivo do automóvel nestas áreas.

Recentemente, propostas deste modelo têm sido apresentadas como solução aos problemas de mobilidade também para as cidades brasileiras. No entanto, a implantação desse sistema de integração pode levar a efeitos negativos caso não sejam considerados diversos aspectos relacionados a ele. Consequências como o aumento dos congestionamentos no entorno das Áreas de Estação, captação de usuários dos serviços locais alimentadores e a migração dos modos ativos, como a caminhada e a bicicleta, para o carro, são exemplos de problemas decorrentes da implantação equivocada destes equipamentos em contextos inadequados.

Antes de tudo, é necessário compreender que a adoção de bolsões de estacionamento integrado deve ser parte de uma política mais ampla de desestímulo ao uso do automóvel e de promoção dos modos coletivos e ativos de transporte. Portanto, deve ser acompanhada de estratégias como a redução da oferta de vagas e o aumento do custo de estacionamento nas áreas centrais das cidades. Estas medidas fazem com que a integração com o transporte público nos estacionamentos integrados seja mais atrativo do que a utilização do carro em todo o trajeto da viagem até o destino final do usuário. Além disso, a possibilidade de percorrer maiores distâncias pelo uso do automóvel integrado ao sistema de transporte pode induzir o espraiamento urbano em áreas periféricas das cidades e regiões metropolitanas. Sendo assim, é fundamental que a política de mobilidade das cidades também esteja alinhada a estratégias de ordenamento e gestão territorial visando a prevenção em relação a este processo.

Desta forma, o ITDP Brasil apresenta um fluxograma dos fatores que devem ser observados pelos gestores públicos antes da implantação de bolsões de estacionamento integrado em alguma estação de transporte de média e alta capacidade dentro do contexto brasileiro. A ferramenta não pretende esgotar as possibilidades de análise, nem servir como guia hermético à implantação destes equipamentos, mas auxiliar o processo de tomada de decisão, visando um uso mais racional do automóvel que promova o acesso mais equitativo e ambientalmente sustentável às oportunidades urbanas.

 

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