Construída como parte dos investimentos em mobilidade urbana que precederam a realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Rio, a linha 4 do metrô foi aberta ao público no dia 19 de setembro de 2016. O projeto original previa a construção de seis estações entre os bairros de Ipanema e Barra da Tijuca. No entanto, a estação da Gávea não foi concluída até o momento.
Inicialmente projetada para atender 300 mil passageiros por dia, a demanda foi revisada posteriormente para 225 mil. Até então, a maior demanda registrada foi de 160 mil pessoas por dia fazendo uso da linha 4. As cinco novas estações constituem uma expansão importante da rede de Transporte de Média e Alta capacidade (TMA) da Região Metropolitana, promovendo maior conexão entre a Zona Oeste, a Zona Sul e Centro da cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, por dar continuidade ao trajeto da linha 1 e não apresentar ramificação das outras linhas, sua atual configuração de operação se caracteriza mais como uma extensão da linha 1 do que como uma nova linha.
Diante deste contexto, o ITDP apresenta agora uma análise sobre a contribuição deste corredor de transporte para o aumento da população e das oportunidades cobertas pela rede de transportes, acompanhada de uma avaliação sobre a percepção dos usuários sobre a qualidade do serviço. Esta iniciativa se inscreve em uma contribuição mais ampla do ITDP, que vem buscando fomentar práticas de avaliação e monitoramento de corredores de transporte por meio de uma metodologia consolidada em 2017.
Resultados
A contribuição de maior destaque da linha 4 está na interligação entre a Zona Oeste e a Zona Sul da cidade, que permitiu aumentar em 25% o número de estações que possibilitam integração física na rede de TMA da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Destaca-se também que, com apenas cinco estações implementadas, a linha 4 contribuiu para aumentar em 3% os estabelecimentos e 2% os postos de trabalho privados formais da RMRJ próximos à rede de TMA.
Os demais efeitos na escala da RMRJ analisados nesse estudo foram mais limitados. Embora a implementação das estações tenha contribuído para aumentar a população próxima do sistema de TMA em apenas 1 ponto percentual (pp), houve uma distribuição fortemente desigual da população coberta. O aumento de cobertura do grupo de mais alta renda analisado (acima de 3 salários mínimos) próximo à rede de TMA foi quatro vezes superior ao acréscimo observado para os grupos imediatamente abaixo. Além disso, foi praticamente nulo o aumento da cobertura de estabelecimentos de saúde e unidades de Ensino Superior.
A pesquisa com usuários aponta para resultados positivos de ganho de tempo no deslocamento dos usuários, de cerca de 16% em relação à forma como a viagem era realizada anteriormente. Aproximadamente 14% dos usuários entrevistados utilizavam modo de transporte individual motorizado (carro ou moto) e cerca de 92% dos entrevistados consideram que o uso da linha 4 melhorou suas condições de viagem diária. Os quesitos que receberam melhor avaliação foram o conforto no veículo, o conforto na estação e a confiabilidade do serviço. Ressalta-se também que a implementação das estações contribuiu para reduzir em 87% as emissões de CO2 e eliminar as emissões locais de material particulado (MP) e óxido de nitrogênio (NOx) na operação de transporte, em relação ao cenário-base anterior à implementação do corredor.
No entanto, as entrevistas apontam para avaliações mais negativas nos aspectos de segurança na viagem, lotação no veículo e disponibilidade de informação. Por fim, os cinco temas mais críticos apontados de forma espontânea pelos usuários estão relacionados ao valor da tarifa, lotação do veículo, confiabilidade em relação aos intervalos e paradas no meio do trajeto, dificuldade para pagar passagem e indisponibilidade de informação.
Recomendações
Considerando os dados coletados neste estudo, O ITDP destaca três categorias de recomendações para melhoria da linha 4 do metrô:
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- Aprimorar condições de acesso às estações de metrô para usuários de modos ativos.
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- Aprimorar condições de operação e de integração com sistema de transporte público da cidade e RMRJ.
- Promover desenvolvimento orientado ao transporte sustentável (DOTS) no entorno das estações.
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Para mais detalhes, acesse o relatório Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro – Avaliação de resultados e recomendações de melhoria.