Cidades com maior número de deslocamentos por bicicleta tendem a ter cidadãos mais felizes e prósperos, que desfrutam de uma economia robusta e em crescimento. E isso sem incluir os efeitos positivos para a mitigação das mudanças climáticas.

A bicicleta é a solução de transporte ideal para distâncias curtas, de até 8km, e o método mais eficiente de transporte com propulsão humana. E ainda assim, com poucas exceções, a maioria das cidades continua a gastar a maior parte de seus orçamentos de transporte em ruas que destinam grande parte do espaço para automóveis. Apesar do crescente interesse global e popularidade da bicicleta na última década, ainda estamos longe das mudanças necessárias para usufruirmos de todo o potencial desse modo e de vê-lo como prioridade nas ruas. Com dados tão evidentes e a necessidade tão latente, por que não estamos vendo o real crescimento da mobilidade por bicicleta que precisamos?

Um grande motivo é que as agências de transporte municipais há muito tempo se concentram em um único objetivo: mover os carros pela cidade o mais rápido possível. O foco excessivo na fluidez do tráfego invisibilizou o potencial de outros modos de transporte, a ponto de, em muitos lugares, ser praticamente inviável se deslocar sem um automóvel. Mesmo que as cidades realmente queiram mudar de rumo, como muitas fazem, podem não saber por onde começar. Embora gestores municipais hesitem em investir em ciclovias devido à impressão de que poucas pessoas se locomovem em bicicleta, não há porquê  postergar. A construção de ciclovias protegidas e infraestrutura de apoio, como bicicletários, tem demonstrado estimular o uso da bicicleta nas cidades. Outros esforços, como a implantação de sistemas de bicicleta compartilhada, também expandem o acesso e trazem maior visibilidade à ciclomobilidade.

Para orientar as cidades, o ITDP apresenta o kit de ferramentas Mais Bicicletas: estratégias para promover a ciclomobilidade na sua cidade, com objetivo de ajudar as cidades a pensarem sobre as barreiras que impedem as pessoas de se deslocarem em bicicleta. O material também elabora um plano de ação personalizado para aumentar e qualificar rapidamente a mobilidade por bicicleta com base nas necessidades específicas de cada cidade. “Há uma grande riqueza de informações sobre como implementar projetos urbanos pró-bicicleta e política públicas que alavancam as tecnologias mais recentes e o pensamento global, mas pode ser difícil determinar por onde começar ou o que sua cidade deve priorizar”, diz a Gerente de Pesquisa do ITDP Global e autora do kit, Dana Yanocha. “Sabemos que a construção de ciclovias de qualidade leva as pessoas a andar de bicicleta, e o material leva isso em consideração. Mas também ilumina outros fatores, como o acesso à bicicleta e o fato de que muitas pessoas em grandes centros urbanos não aprenderam a pedalar, o que pode ser uma barreira”. 

Enquanto outros recursos, como o Índice da organização Copenhagenize, avaliam o quão amigáveis as cidades são para o uso da bicicleta com base em várias métricas, o Mais Bicicletas é orientado para a ação. Ele identifica as etapas imediatas e personalizadas que qualquer cidade pode implantar para lidar com as barreiras específicas à bicicleta, ao mesmo tempo que garante que as bases estão sendo estabelecidas para enfrentar os desafios de longo prazo.