A Oficina de Troca de Experiências em BRT, realizada em setembro de 2017 pelo ITDP Brasil, gerou contribuições significativas sobre os principais desafios e questões transversais identificados por gestores e operadores, no planejamento e gestão de sistemas BRT. Neste quinto post, exploramos o tema de compartilhamento de soluções técnicas.
Gestores de sistemas de BRT ao redor do Brasil vêm aplicando soluções técnicas e de projetos pioneiras, sem que, no entanto, outros gestores tomem conhecimento. O compartilhamento de experiências pode poupar recursos e tempo valiosos durante o processo de planejamento. Durante a Oficina, foi possível promover o compartilhamento destas soluções entre diversas cidades. As soluções técnicas e de projeto representaram 57% dos casos apresentados, e 79% dos participantes afirmaram ter interesse em continuar o contato com um ou mais participantes da oficina.
As principais questões de projeto mencionadas se referem a especificações para:
- Catraca, estações e terminais buscando coibir a evasão.
- Controle remoto de estações para aumentar a produtividade ou eficiência do sistema.
- Estações situadas em rampas.
Dentre as questões operacionais compartilhadas, foram abordados temas como:
- Implantação de bilhetagem eletrônica para permitir integração temporal.
- Otimização e troncalização da rede.
O ITDP, em sua campanha de avaliação de 16 corredores de BRT com o Padrão de Qualidade BRT, notou que grande parte dos projetos ainda apresentam baixa qualidade nas condições de acesso por caminhada e por bicicleta e na relação com o entorno. Uma integração mais efetiva com estes modos ajudaria a capilarizar a cobertura dos corredores e atrair mais usuários ao sistema. Além disso, os sistemas implantados devem servir como eixos de concentração do desenvolvimento urbano, de forma a priorizar o crescimento compacto e mais sustentável das cidades e regiões metropolitanas brasileiras.
Na maioria das vezes, os projetos não apresentam uma visão mais ampla do sistema de transporte e de seus impactos no meio urbano, o que acarreta desafios técnicos para o correto dimensionamento de prazos e custos (inclusive de desapropriações e licenças ambientais).
O aprimoramento da integração dos sistemas com o entorno apareceu em apenas 21% dos casos, revelando ainda uma necessidade de maior discussão do papel destes sistemas em cumprirem o papel não apenas como corredores de transporte, mas também como eixos de requalificação urbana das cidades.
Nos últimos dez anos, o Brasil dobrou a extensão de corredores de BRT. Espera-se que mais prioridade ainda seja dada ao transporte coletivo, para que as cidades e regiões metropolitanas brasileiras sigam no caminho de uma mobilidade sustentável. A partir das questões transversais identificadas na Oficina de Troca de Experiências em BRT, estratégias como a integração de planejamento e gestão devem ser adotadas para o aprimoramento dos projetos de BRT já concluídos e projetos a serem desenvolvidos.
Confira abaixo outros posts relacionados à Oficina:
Integração na gestão e governança
Engajamento de usuários e de recursos humanos
Compartilhamento de soluções técnicas
Continuidade política, regulação e contratos
Inovação e aplicação de dados na gestão
Previsão de custos e garantia de recursos financeiros