Planejadores, gestores públicos e operadores privados de sistemas de BRT de diversas regiões do Brasil estiveram reunidos, nos dias 5 e 6 de setembro, em oficina promovida pelo ITDP Brasil para trocas de experiências no planejamento, gestão e operação de sistemas de BRT. Ulises Navarro, Diretor Técnico de Transporte Público do ITDP para América Latina, participou das discussões.
A oficina foi ministrada para um grupo de 20 gestores e práticos de sistemas de BRT, tanto do setor público quanto do setor privado, das cidades e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Uberaba, além de agentes nacionais de seleção e financiamento de projetos. Os participantes apresentaram casos de sucesso e discutiram os principais desafios enfrentados na operação destes sistemas para garantir uma mobilidade de qualidade aos seus passageiros.
Os casos apresentados foram divididos em duas etapas cronológicas, relacionadas ao processo de implementação da infraestrutura. No primeiro dia da oficina, foram apresentados casos relacionados ao planejamento e projeto da infraestrutura. No segundo dia, foram apresentados casos relacionados ao monitoramento da operação e garantia da qualidade de serviço para os usuários. Depois das apresentações, os casos foram discutidos entre os participantes, que se dividiram em grupos para articular soluções aos desafios e discutir como os casos de sucesso poderiam ser replicados em outros sistemas.
Além disso, de forma a complementar o debate, a diretora do ITDP Brasil, Clarisse Cunha Linke, encerrou o encontro conduzindo uma mesa sobre financiamento e seleção de projetos, da qual participaram Anie Amicci, do BNDES e Guadiana Lopes Cortizo e Danielle Costa de Holanda, da Secretaria de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades (Semob-MinCid).
De acordo com Gabriel Oliveira, coordenador de Transporte Público do ITDP Brasil, as trocas permitiram identificar pontos relacionados ao planejamento e à operação destes sistemas que teriam impacto na qualidade do serviço prestado, na segurança e nos custos do sistema.
Em relação à fase de planejamento, ressaltou-se a importância da integração de técnicos de diversos setores (planejamento, projeto, operação) do próprio órgão público responsável pela infraestrutura, além do engajamento e negociação com operadoras privadas e da sociedade civil no processo. Foi dado destaque igualmente à participação de agentes públicos envolvidos na operação de sistemas existentes durante o processo de seleção e financiamento de projetos. Ainda nesta fase, a governança sobre corredores de BRT de caráter metropolitano se mostra um grande desafio a ser melhor equacionado.
Em relação à fase de operação, o destaque foi dado à capacidade dos gestores de contratar soluções inovadoras, de empregar tecnologia baseada em dados de GPS e bilhetagem e de se relacionar com os clientes para melhorar a qualidade do serviço prestado, garantir segurança aos passageiros e evitar a evasão tarifária. Nesta fase, um desafio ainda a ser aprofundado se trata do detalhamento de custos relativos à manutenção do sistema e operação do serviço. A oficina serviu também para identificar soluções técnicas de projeto que poderiam ser replicadas. Como exemplo, o sistema de controle automático de portas do BRT de Uberaba ganhou destaque.
O conceito de corredores exclusivos e qualificados para ônibus nasceu no Brasil, em Curitiba, nos anos 70. Desde então, o modelo foi replicado e aprimorado em diversas cidades do Brasil e do mundo, se tornando hoje o que o ITDP Brasil entende por BRT (da sigla em inglês para Bus Rapid Transit), sistemas de operação exclusiva em corredores de ônibus. O ITDP criou um padrão de avaliação para sistemas BRT que já foi aplicado em quase 100 sistemas em mais de 60 cidades ao redor do mundo. No Brasil, apenas na última década foram implementados mais de 250 quilômetros de corredores de BRT. A operação destes sistemas se revela agora um grande desafio, motivando a realização desta oficina.
O ITDP Brasil consolidou estas e as outras principais lições aprendidas e desafios identificados durante a oficina em uma página com as tendências e desafios nacionais na gestão de sistemas BRT.
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