O projeto de requalificação urbana do bairro de São Miguel Paulista foi lançado pela Prefeitura de São Paulo na última quinta-feira (2/6) e é resultado de uma parceria entre a Prefeitura, a Iniciativa para a Segurança Viária Global da Bloomberg Philanthropies, o WRI Brasil Cidades Sustentáveis, o ITDP Brasil, a Nacto e Citi Foundation.

Diante de um auditório lotado, com aproximadamente 400 pessoas, o Prefeito Fernando Haddad justificou a importância do projeto, traçando o perfil de cidades em todo o mundo que realizaram intervenções urbanas semelhantes à proposta para a área 40 de São Miguel. O projeto visa aumentar a segurança dos pedestres em uma das áreas com maior número de vítimas de atropelamentos em São Paulo. Em sua fala, Haddad destacou que a avenida Marechal Tito, via mais importante de São Miguel Paulista, registrou o maior número de mortes de pedestres na capital em 2014. De acordo com dados da CET, foram 15 mortes sendo 11 por atropelamento, o que representa 73% do total de óbitos nessa via. “Precisamos reduzir as mortes nas vias, é um compromisso com a sociedade e diversas cidades ao redor do mundo estão empenhadas nessa missão”, comentou.

Estiveram presentes no evento representantes do poder público com destaques para Jilmar Tatto (Secretário de Transportes), Artur Henrique (Secretario Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo), Fernando de Mello Franco (Secretário de Desenvolvimento Urbano), representantes de organizações da sociedade civil; Brenda Medeiros (WRI Cidades Sustentáveis), Daniel Guth (Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo – Ciclocidades), Vitor Leal  (Greenpeace), Skye Duncan (NACTO), Silvia Stuchi (Corrida Amiga), Gabi Callejas (Cidade Ativa), os subprefeitos Alberto Nunes Santos (Ermelino Matarazzo), Wilson Ianelli de Souza (Itaim Paulista), Evando Reis (da Mooca), e da Vila Prudente (Miguel Angelo Gianetti), Melina Cruz e Helen Faquinetti (Citi Foundation). 

Além do Prefeito, outras três palestras marcaram o evento. O subprefeito de São Miguel, Adalberto Dias de Souza, falou sobre a necessidade de ter uma cidade projetada para pessoas e da importância de resgatar o uso das praças e espaços públicos. Ciro Biderman, diretor de inovação da SP Negócios e coordenador do MobiLab, apresentou dados sobre as mortes nas áreas urbanas e a conferencista internacional Janette Sadik-Khan, que foi Secretária de Transportes de Nova York nos anos de 2007­ a 2013, mostrou sua visão sobre como transformar as cidades a partir de sua experiência na abertura da Broadway para pedestres, a construção de ciclovias e criação de mais de 60 praças em toda a cidade.  “O projeto que está sendo desenvolvido para requalificar a área 40 de São Miguel visa aumentar a segurança do pedestre em uma das áreas com maior número de vítimas de atropelamento em São Paulo. Para isso se vale de intervenções no desenho viário já testadas em diversas cidades, como Nova York, Cidade do México e Buenos Aires. O evento de hoje mostrou o interesse e suporte da comunidade de São Miguel ao projeto.”, comentou Danielle Hoppe, gerente de Transportes Ativos e Gestão da Demanda por Viagens do ITDP Brasil.

Além do impacto causado pelas  vidas perdidas,, as colisões e atropelamentos geram um custo financeiro alto para toda sociedade e por isso é extremamente importante trabalhar para zerar as mortes no trânsito. Para alcançar esse objetivo, Janette destacou a importância de utilizar diferentes estratégias como a redução de velocidades nas vias, criação de áreas exclusivas para pedestres, fortalecimento do transporte público e implantação de infraestrutura  cicloviária para garantir que a bicicleta esteja inserida na rede  de transporte das cidades.

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A redução de velocidade nas vias reduziu cerca de 21% o número de mortes no trânsito na cidade de São Paulo em 2015, de acordo com um estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Medidas como esta colaboram para que o Brasil se afaste da quarta posição no ranking dos países que mais matam no trânsito, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
. As chamadas Zonas de 30 km/h –  e suas variações, como as Zonas 20 e Zonas 40, são zonas de tráfego moderado, e são uma opção para aumentar a segurança viária e melhorar a qualidade ambiental de áreas pré-determinadas. As Zona 30 e 40 reforçam a coerência entre uso, forma e função das vias locais.

As ruas de São Miguel Paulista têm uso comercial e fluxo de pedestres intensos. As pessoas precisam disputar o espaço nas ruas com automóveis, ônibus e caminhões em altas velocidades. A sequência de fotos abaixo oferece uma visão sobre o projeto de requalificação (antes e depois) que está previsto para as áreas de São Miguel Paulista. Skye Duncan, diretora da NACTO que esteve em São Paulo participando do lançamento do projeto, destacou em sua participação durante a primeira oficina do projeto ocorrida em fevereiro que os números (de mortes no trânsito) são assustadoramente altos sendo importante trabalhar duro para que isso chegue ao fim. “Uma pessoa morre a cada 30 segundos no mundo vítima de ocorrências do trânsito. Precisamos dar um basta e não permitir que isso continue acontecendo”, ponderou Skye.

A criação de zonas de tráfego moderado tende a melhorar a qualidade de vida nos bairros onde elas são implementadas. As atividades próprias de uma rua de bairro (conversar, jogar, estar, entre outras) tendem a ressurgir quando a sensação de risco e perigo trazida pelo trânsito de alta velocidade desaparece.  Em sua origem, a rua não era apenas uma via de acesso a um local e, sim, o próprio local. Um espaço de convivência para se estar, passar o tempo, interagir com outras pessoas. Contudo, durante o século XX, o automóvel passou a dominar as cidades brasileiras, e o pedestre e a bicicleta foram gradativamente desvalorizados.

O ITDP atua para resgatar essa lógica original das ruas como espaços públicos de convivência e bem-estar. Para isso, acredita que é preciso centrar o desenho urbano nas pessoas, já que são elas que caminham, acessam serviços, bens, cultura e oportunidades, e consequentemente, quem usam o transporte público.

O documento completo com detalhes sobre o projeto está disponível aqui.

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Galeria de Fotos

Desenho Urbano e Segurança Viária

Em fevereiro desse ano, o ITDP Brasil e todos os parceiros envolvidos nessa iniciativa realizaram o encontro “Desenho Urbano e Segurança Viária: Requalificação de áreas de baixa velocidade“. A atividade, que aconteceu na sede do MobiLab, da Prefeitura de São Paulo, reuniu cerca de 100 participantes em uma apresentação aberta ao público. Danielle Hoppe, gerente de Transportes Ativos e Gestão da Demanda do ITDP Brasil, explica que o projeto de requalificação da área 40 de São Miguel visa aumentar a segurança do pedestre em uma das áreas com maior número de vítimas de atropelamento em São Paulo. “O evento de lançamento mostrou o interesse e suporte da comunidade de São Miguel ao projeto. Para isso se vale de intervenções no desenho viário já testadas em diversas cidades, como Nova York, Cidade do México e Buenos Aires”, comentou Danielle Hoppe, gerente de Transportes Ativos e Gestão da Demanda por Viagens do ITDP Brasil.